1.12.07

Um tufo de cabelo

Hoje pela manhã erguemo-nos cedo, as ruas estavam molhadas. Dizem que vai chover durante três dias. Falta fazia. Vejo a S. penteando-se diante do espelho quando passo pela porta do seu quarto e me saúda em voz baixa. Ontem, quando a mãe lhe disse que fosse a arranjar o cabelo, que tinha a franja em pé, não se lhe ocorreu outra coisa que pegar numas tesouras e cortar o tufo de pêlos insubordinados. Lá ficou o cabelo da minha nena, no chão do banheiro. Depois no Bianco, o barman disse que era estranho que o rapaz se parecesse a mãe enquanto a filha parecia-se a mim. Preparou-nos um batido de chocolate que estava boníssimo, mas um bocado forte. Mais tarde teve acidez. Não ceei nada para não agravar o mal.

Apôs ir às compras, saí caminhar e dirigi os meus passos cara à faculdade de veterinária. Sabia que lá se podia ver uma mostra de fotografia que tinha por nome Olhadas na Lusofonia. As fotos eram de Sebastião Salgado, Meléndrez, Villarino, Rosminho,... Fotógrafos de Cabo Verde, Timor, Moçambique, Brasil, Galiza, Portugal,... Gosto muito do prédio da faculdade e como se ajusta ao terreno, com suas deleitosas encostas cobertas de erva e de plantas de jardim que se aconchegam a lagos de agua cristalina. Lousas escuras me guiam silandeiramente sob a sombra das carvalheiras até um anfiteatro no que bem se podiam representar as obras mestras do teatro clássico como se for o de Dionísio em Atenas.. Pode que algum dia lhe tire umas fotos.