27.2.08

Elogio do voto (in)útil

No encontro Zp vs. Rakhoi, a expectação era a própria dum combate de box entre dois grandes campeões. Simplificadas como são as ideias nos debates, não é nesse encontro baixo os focos que temos de decidir quem ganhou senão mais cedo: é depois de ter claro qual é a nossa equipa que vamos ao estádio com a torcida. Ou, se não for esse o caso, decidiremos mais tarde, quando os jornalistas debatam em programas de TV, quando os politólogos nos digam em que acertou ou errou o candidato zeta ou pê, ou quando vejamos os resultados das pesquisas científicas, que serão avaliadas de jeito muito distinto nos diferentes meios de comunicação... Eu gostaria de fazer um elogio do voto (in)útil, aquele que emitimos polo partido que menos possibilidades tem, para assim demonstrarmos a nossa inconformidade com os mais favorecidos polo público, evitando a abstenção, que poderia ser interpretada de jeito equívoco ou tomada por indiferença, e sem medo de que o candidato por nós elegido entenda que estamos de acordo com ele, sabendo que, em qualquer caso, si assim o faz, não terá consequências.

A lei d’Hont é injusta, favorece aos grandes partidos maioritários. Ademais há injustiças, verdadeiros disparates, que concernem a representatividade das minorias. Estas conseguem resultados díspares e disparatados, disparatadamente díspares em proporção ao número de sufrágios que os cidadãos lhes concedem. Então, IU com milhões de votos que tem conseguido nalgum comício, não chega ao número de deputados de CIU ou do PNV.

10.2.08

As nespereiras já florescem

“Fevereiro e as mulheres, no dia têm sete pareceres”, pode-se ler no interessante Refraneiro galego de Henrique Gippini Escoda. Em Lugo, as máximas para hoje são de vinte graus e as mínimas de cero, o qual amostra o provérbio popular ser atinadíssimo. Entrementes, nas marinhas as mimosas já amarelecem com arroubo, este ano com demora por culpa do frio. Hoje tivemos um dia primaveral: dava gosto passear por Sada. Mas, ¡cuidado!, neste mês ainda não é descartável uma boa nevada nas montanhas. Por enquanto, as únicas folerpas que olhei cair foram as pétalas brancas das nespereiras quando o vento lhes abalou as galhas no sossego da soalheira. As cerejeiras já estão em flor dum jeito glorioso para esta primavera eleitoral, e enquanto as fragrâncias todas se misturam na mente, os pensamentos que um trazia consigo mesmo sobre a politica dissipam-se, e já se esqueceu um do que leu sobre os votantes gourmet, não vou dizer “exquisitos”, porque isto tem um significado bem distinto em castelhano e em português. Os cães acham delicioso o perfume de coisas podres. Pelo visto, não é coisa fácil agradar a todos.