23.4.08

Os tempo dos críticos já passou

Noutros tempos os críticos eram os interpretes qualificados que nos guiavam nas nossas escolhas e preferências em matéria de cinema, literatura, música e arte. Uma película de Arthur Penn ou de Rossellini não era o mesmo que uma outra produção comercial qualquer, não para os que prestávamos atenção. Uma novela de John Dos Passos ou de Thomas Pynchon chegava a nós por recomendação dos especialistas, já fossem críticos ou professores.
Hoje os críticos famosos doutros tempos estão a desaparecer sem remédio dos grandes jornais do mundo, tornam-se irrelevantes, seu trabalho perde importância. Estou a falar, naturalmente, daqueles que levaram essa profissão a um degrau elevado de competência e de autoridade, reconhecida alem das fronteiras ideológicas. Internet tem muito a ver com isto. Os grandes monstros da comunicação não podem competir neste novo médio democrático que é a rede. Muitos bloggers têm uma grande capacidade de influir na opinião pública em âmbitos como o da música, o arte, a televisão, o teatro etc. Predomina o consenso da comunidade de internautas sobre a opinião especializada, não há mais que ver os sites das livrarias on-line, como Amazon. A opinião do críticos profissionais é muito suspeitosa. E não faltam motivos para esta desconfiança, ao contrário, acho que sobram.
Para uma geração que aprendeu a nadar no mar de internet e que respira por brânquias digitais, o tradicional crítico dum jornal não significa nada, mesmo suas opiniões podem ser-lhe tóxicas. Por outro lado, quem pode duvidar que a hipertrofia da comercialização nesta profissão é uma das causas do seu desprestígio?

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