7.10.07

As muralhas

As festas de São Froilão foram inauguradas ontem com o discurso pronunciado na varanda da Casa do Conselho por uma escritora nada na vila. Esta lembrou sua infância e também anedotas de outros tempos e contou uma piada muito engraçada sobre algo que aconteceu nos anos vinte: Um carro com um bocoi de vinho provocou um divertido incidente. Parece ser que a barrica rachou contra o chão da Praça Maior ao escorregar o animal de tiro. Logo, ao contemplar a bebida derramada, todos os transeuntes exclamaram que era um milagre do santo. Este foi quem de convencer a animais tais que os lobos para que colaborassem com seu trabalho evangélico, facto que acredita sem dúvidas o carácter lugués do santo home.

As festas oferecem uma grande multiplicidade de actividades para as crianças, dentro do que se chama Froilãocinho. Hoje tive uma jornada completa com os meus pequenos. Primeiro, monicreques em Campo Castelo, depois fabricação de vidro ao vivo; apôs o jantar, palhaços, e, para terminar, fogos de artificio.

Na rua bispo Aguirre não há quem consiga caminhar. O gentio das vilas e aldeias dos arredores que comparece às festas é numeroso como as areias das praias. De manhá chegou o embaixador de China para proceder ao irmanação da muralha daquele grande pais e a romana da vila de Lugo. Lembrei um velho conto de Kafka sobre a construção da muralha china: os imperadores mandaram construir a mais grande obra defensiva da humanidade ao longo de muitos milhares de quilómetros. Para não se eternizarem, organizaram equipas de pedreiros que trabalhavam em distintos sectores, as quais partiam desde um ponto determinado ao mesmo tempo que os vizinhos faziam o seu perto dali, até unirem os seus respectivos nacos. Quando rematavam a parte que lhe correspondia, apôs de junta-la com outra terminada nessa altura, a autoridade mudava-os a uma região bem distante, para que não se aborrecessem da sua missão e também para que pudessem comprovar a grandeza do esquema do que faziam parte. Gostaria de transcrever este relato. Pode que o faça logo.

Lugo regala ao visitante ainda essas lojas antiquas que parecem extraídas duma serie televisiva ambientada nos tempos escuros da ditadura. Têm vitrinas pequenas e abarrotadas de vestimentas ou qualquer outro artigo que é preciso esforçar a visão para distinguir na escuridade do interior mal iluminado, balcões de madeira gasta com um chocante ordenador que faz pestanejar de incredulidade, como se estivéssemos a olhar o encontro fortuito do guarda-chuvas e a maquina de coser sobre a mesa de operações. A cidade esta cheia de edifícios em estado ruinoso, que aos poucos se estão a reconstruir.

Eis uma foto dos Peludes:

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